Novidades sobre energia fotovoltaica no Nordeste

02/09/2020

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Há alguns anos, a Dinamarca, um país nórdico, era uma grande referência mundial no uso da energia fotovoltaica. O Nordeste, entretanto, região com maior incidência de raios solares no Brasil, não detinha uma utilização representativa deste tipo de tecnologia. O cenário local, entretanto, começa a mudar aos poucos. Nos últimos dois anos, o Brasil registrou aumento superior a 500% na utilização desta fonte de energia, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O estudo mostra, ainda, que a instalação de painéis para a captação saltou de 7,4 mil para mais de 50 mil unidades neste período. Em Pernambuco, durante o mais recente Leilão A-6 da Aneel, em outubro, uma empresa pernambucana, a Enercom Renováveis. foi a única a emplacar um projeto de geração de energia solar para o Estado: a Usina Solar Luiz Gonzaga II, em fase de instalação no município de Terra Nova, a 600 Km da capital.

A área da Luiz Gonzaga II compreende 30 MW de potência instalada em uma extensão de 100 hectares e deve produzir energia capaz de abastecer uma cidade com mais de 100 mil habitantes. A partir desta obra, a perspectiva é que sejam gerados cerca de 500 empregos diretos e outras dezenas de indiretos, no Sertão do Estado. Com investimentos que somam mais de R$ 120 milhões, a obra deve ser iniciadas em 2021 e a Usina começar a operar antes de 2025, prazo de conclusão estipulado pelas regras do Leilão. De acordo com Gustavo Perazzo, um dos sócios do empreendimento, na verdade, a antecipação será em quatro anos: junho ou julho de 2021. “Nestes leilões promovidos pelo Governo, estipula-se o prazo máximo desta entrega baseado na necessidade de energia do país. Pretendemos construir a usina antes deste período com o objetivo de gerar receita anteriormente também. Iremos, para tanto, antecipar a venda de energia no mercado livre para indústrias, hospitais, universidades, etc”, adianta. Até agora, o grupo já negociou 70% da energia da Luiz Gonzaga II em um leilão privado da Copel, companhia comercializadora de energia com sede no Paraná e operação em todo o país. Está, também, em contato com outras empresas do setor privado.

Em outro empreendimento do grupo, o Parque Solar Salgueiro, foram comercializados 100% de energia no mercado regulado. Este Parque, com 112 MW, instalado no mesmo município, segue com foco na ampliação no mercado solar e eólico e tem previsão de início da geração assinalada para junho de 2020. Este projeto assinala o aporte de R$ 360 milhões, somando R$ 480 de investimentos no Estado. Os projetos superam a marca de 2 gigawatts nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. O grupo constrói as usinas em parceria com empresas canadenses, chinesas e do Oriente Médio. O objetivo, segundo Gustavo, é participar dos próximos leilões em locais como São José do Belmonte.

O alto investimento do grupo baseia-se, também, no preço convidativo da energia solar, atualmente mais barato do que outras fontes. No último leilão, por exemplo, o MW/hora foi comercializado por R$ 84, enquanto a eólica foi a R$ 100 e a de pequenas centrais hidroelétricas por R$ 220. “Ela é contratada a menos 30% do que a primeira e a um terço do valor da segunda. O intuito é que, no futuro, quando esta energia começar a ser entregue, chegue ao consumidor final ainda mais barata” acredita.

De acordo com a Aneel, a projeção para os próximos 20 anos é que aproximadamente de cerca de 50% da energia do país venha de fontes limpas. Estudo de mercado global da companhia de petróleo britânica BP estimam, ainda, que o consumo geral de energia no país deva crescer em 60%. O alto custo da energia elétrica no país e os preços mais competitivos dos equipamentos explicam o aumento da procura por fontes limpas e sustentáveis. Além disso, os painéis contam com baixa manutenção (algo em torno de 10 a 15% da receita operacional é destinado para manutenção e operação da usina) e um amplo tempo de vida útil (30 a 35 anos). “Vale ressaltar, ainda, que estes paineis estão cada vez mais eficientes e que o Governo isenta impostos. Não é preciso, por exemplo, pagar ICMS pra importar nenhum gerador de energia renovável atualmente”, conclui.